[A restauração da Catedral de Notre-Dame foi feita por Vioilet-le-Duc no século XIX. Um dos fatos que mais contribuiu para que se empreendesse tal restauração foi o romance de Victor Hugo, “Notre-Dame de Paris”. E, neste, especialmente o trecho que transcrevemos abaixo.]
Sem dúvida é ainda hoje um majestoso e sublime edifício a igreja de Notre-Dame de Paris.
Mas, por mais bela que tenha se conservado ao envelhecer, é difícil não lamentar, não se indignar ante as degradações, as mutilações sem nome que simultaneamente o tempo e os homens infligiram no venerável monumento, sem respeito por Carlos Magno que pôs a primeira pedra, por Felipe Augusto que pôr a última.
Sobre a face desta velha rainha de nossas catedrais, ao lado de uma ruga acha-se sempre uma cicatriz. “Tempus edax, homo edacier” (O tempo é voraz; o homem, ainda mais). O que eu traduziria, sem hesitação, assim: “o tempo é cego; o homem, estúpido”.