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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Edifícios nobres da Idade Média
ou prédios de gosto decadente de hoje?

Pugin: o estilo gótico exprime as verdades do culto católico. Igreja de São Domingos em Londres.
Pugin: o estilo gótico exprime as verdades do culto católico.
Igreja de São Domingos em Londres.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





Em seu histórico ensaio “Contrastes”, o arquiteto A. W. Pugin que desenhou o Big Ben de Londres, faz um paralelismo entre os edifícios nobres da Idade Média, notadamente os religiosos, e os modernos prédios de gosto decadente que predominam hoje.

Eis alguns excertos livres:


A arquitetura influencia a fé dos fiéis que frequentam o templo. Isso é particularmente sensível nas igrejas católicas onde todos os elementos arquitetônicos são concebidos em função dos ensinamentos e da liturgia da Igreja.

Nelas a bênção da graça divina se torna como que sensível, toca os corações falando uma linguagem toda especial e como que pessoal para cada um.

Essa influencia da graça de Deus está ligada muitas e muitas vezes a esta ou aquela imagem, a este ou aquele vitral.

É porque esses elementos artísticos transmitem um mundo de imponderáveis, de valores e sentimentos inefáveis.

Foi por isso que o protestantismo logo se assanhou contra a arquitetura e a arte católica, seus templos, imagens e símbolos.



Entretanto, seria errado achar que o protestantismo foi a causa primária do apagamento da fé na Inglaterra.

Houve numa realidade anterior: o deteriorado estado da fé em toda a Europa no século XV.

Nela deve ser apontada a verdadeira origem do Renascimento dos princípios pagãos e sua consequência: a aparição de crenças protestantes.

Catedral de York, Grã-Bretanha, foto David Iliff
Catedral de York, Grã-Bretanha, foto David Iliff
Nesse século a arquitetura do Renascimento progrediu negando os princípios católicos não na doutrina, mas na arte, admirando até a adoração os estilos do paganismo antigo.

Essa tendência cultural levou os homens a não gostar, e, finalmente, abandonar os princípios religiosos católicos.

Para esses dois monstros, a Renascença neopagã e o protestantismo, terem deitado raízes era preciso que a religião católica estivesse extremamente doente.

Não podemos imaginar um Santo Ambrósio ou um São Crisóstomo mandando pintar cenas de bacanais e ilustrações de fábulas de Ovídio para enfeitar suas residências episcopais, nem São Beda ou São Cutberto se tornarem calvinistas.

Se em face de Henrique VIII, que excedeu Nero na tirania e na crueldade, o espírito católico não tivesse estado numa vazante extremamente baixa, a Igreja da Inglaterra, em vez de sucumbir, teria crescido em glória e pureza, como sempre fizera por efeito da perseguição nos dias de fé viva.

É evidente que a Igreja da Inglaterra tinha miseravelmente degenerado.

A chamada Reforma protestante é agora considerada por muitos homens de instrução e de mentes sem preconceitos como um flagelo terrível, permitido pela Providência divina como castigo pela fé deteriorada.

Aqueles por quem foi praticada agora são considerados à luz da verdade de astutos saqueadores da Igreja e intrigantes políticos, em vez de santos mártires e apóstolos modernos.

Catedral de Ripon, Grã-Bretanha.
Catedral de Ripon, Grã-Bretanha.
É, de facto, quase impossível para qualquer pessoa sincera ver todos os poderes episcopais e eclesiásticos completamente controlados a bel prazer por um tribunal leigo, sem condenar os homens que na origem traíram a Igreja.

E sem perceber que em nosso dividido e dispersado Estado, como consequência da Reforma, estamos sofrendo severamente pelos pecados de nossos pais.

Essa é a única visão realmente consistente que se pode formar a respeito do assunto.

A Igreja da Inglaterra não foi atacada e derrubada por um inimigo estrangeiro.

Ela foi consumida pela decadência interna.

Seus privilégios e suas abadias foram entregues por liquefação e compromisso dos eclesiásticos nominalmente católicos. Suas receitas e seus gloriosos ornamentos foram despojados e apropriados pelos assim chamados nobres católicos.

Ambos, o protestantismo e o paganismo renascentista foram gerados por homens indignos do nome de católicos.

O primeiro é, com efeito, uma consequência do último.

Por estranho que possa parecer, há uma grande conexão entre os jardins dos Medici, cheios de luxo pagão, e a pregação de igrejas evangélicas independentes que agora desfiguram a terra.

Ambos são totalmente opostos aos verdadeiros princípios católicos, e nenhum dos dois poderia ter existido se os princípios não tivessem decaído.

Catedral de Canterbury, Grã-Bretanha.
Catedral de Canterbury, Grã-Bretanha.
Savonarola [Ferrara, 21 de setembro de 1452 — Florença, 23 de maio de 1498], o monge dominicano, previu em seu primeiro sermão em Florença, a desolação prestes a cair sobre a Igreja.

E depois de retratar o terrível perigo que adviria da nova onda dos estilos clássicos e pagãos, que estavam começando a usurpar o lugar do sentimento e da arte cristã, ele exclamou:

“por vossa aplicação continuada a essas coisas, e vossa negligência das sublimes verdades da fé católica, vós envergonhareis da Cruz de Cristo, e vós vos embebereis do espírito orgulhoso de luxo e dos sentimentos de paganismo; até que, fracos na fé e nas boas obras, vós caireis em heresias, ou na própria infidelidade”.

Quem não pode ver essa terrível previsão cumprida na revolução religiosa desoladora do século XVI, à qual devemos o presente estado dividido de seitas religiosas no país?

O autor está completamente pronto para manter o princípio de contrastar excelência católica com a degeneração moderna.



Pugin, o arquiteto de Deus


Augustus Welby Northmore Pugin, nascido em Londres em 1º de Março de 1812, tinha apenas 24 anos quando publicou Contrastes.

O autor ofereceu nele todo um programa que redefiniu a arquitetura como uma força moral, imbuída de significado político e religioso.

A mensagem de Pugin era simples: se algo está errado em nossas cidades, algo está errado conosco, sendo necessárias reformas na sociedade e na arquitetura.

Em Contrastes ele defendeu um renascer da arquitetura gótica medieval, e com ela um retorno à fé e às estruturas sociais da Idade Média.

Pugin propôs-se reconstruir a Grã-Bretanha através de uma Cristandade gótica católica.

Foi uma cruzada inimaginável, mas o sucesso foi maior do que o esperado. Quando fez 30 anos, já havia construído 22 igrejas, três catedrais, três conventos, escolas e um mosteiro cisterciense.

Pugin queria reformar a sociedade levando-a de volta a uma hierarquia benigna, a um medievalismo no qual cada classe poderia olhar para a que lhe era superior e dela receber apoio, enquanto os de cima aceitavam a responsabilidade de proteger os que estavam embaixo.

Ele forneceu elementos para o projeto vencedor do Parlamento de Londres onde desenhou alguns de seus mais admirados ambientes, como o interior da Câmara dos Lordes.

Seu último projeto, feito em 1852, ficou o mais famoso: a torre do relógio do Palácio de Westminster, o celebérrimo Big Ben. Ele morreu aos 40 anos de idade.





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